A operadora de banda larga Alares teve sua nota de crédito rebaixada de brA+ para brA- pela agência de classificação de risco S&P Global. Preocupações com a alavancagem da provedora, com um crescimento mais lento de assinantes e receitas e com posição de caixa reduzida justificaram a decisão – ainda que a aquisição da Webby surja como boa notícia.
Na análise sobre a companhia, a S&P notou que “pressões macroeconômicas, ajustes no portfólio da empresa e o incremento da base de clientes mais modesto que o esperado levaram a um crescimento mais lento de receitas e Ebitda” na Alares. Até junho de 2023, a empresa reunia 512 mil clientes de banda larga, em crescimento anual de apenas 0,7%.
A convergência dos fatores estaria levando a índices de endividamento mais elevados do que os projetados ao fim de 2022 – ou dívida bruta sobre Ebitda de 5,6x, contra 4,1x calculados anteriormente. Ao mesmo tempo, a empresa teria posição de caixa reduzida – com saldo de caixa e equivalentes de R$ 50 milhões ao final de junho de 2023.
A situação seria agravada pela proximidade de vencimentos de dívidas, incluindo pagamentos de aquisições. Segundo o documento, a Alares tem contado com aportes adicionais de capital do fundo controlador (o Grain Mananagement) para a manutenção da posição de caixa; a agência também projeta eventuais novos aportes de capital do fundo para crescimento inorgânico.
Neste sentido, a recente aquisição da Webby pelo grupo também foi avaliada. A chegada da operadora do interior paulista pode contribuir para uma desalavancagem gradual da Alares, inclusive com ajuda de R$ 150 milhões em receitas adicionais para a companhia, segundo cálculo da S&P Global.
A agência trouxe detalhes sobre a operação, celebrada a partir de troca de ações e contrapartida em caixa de aproximadamente R$ 200 milhões, sendo R$ 100 milhões na data do fechamento e o restante a ser amortizado em cinco anos. A aquisição deve adicionar cerca de 115 mil novos assinantes à base da Triple Play, alocados em 55 cidades dos estados de São Paulo e Paraná.
Além do aumento de escala pela expansão inorgânica, a expectativa é que benefícios da compra contribuam para margens superiores da operação, possibilitando desalavancagem consolidada a partir de 2024. “Esperamos desalavancagem gradual nos próximos anos para 4,0x-4,5x e redução na queima de caixa da empresa, possibilitada também pela contribuição de resultados da recém-adquirida Webby e melhora do cenário macroeconômico”.
Hoje, a Alares concentra suas operações em cidades de pequeno e médio porte dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia, na Região Nordeste, além do interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais, no Sudeste. A S&P Global projeta receita de R$ 570 milhões para a operadora em 2023 e R$ 700 milhões em 2024.
Fonte: Teletime